Pedro Boaventura, à beira do caminho.
Seu nome era Pedro. Pedro Boaventura . O sobrenome (*) pressupõe felicidade, fortuna. Mas Pedro não era feliz. Pedro tinha, e sabia disso, características que poderiam fazer qualquer homem feliz e bem- sucedido : era carismático , razoavelmente charmoso, inteligente. Mas nada dava certo para ele. Pelo menos, era isso que ele achava. Pedro nascera em uma pequena cidade do extremo oeste de Santa Catarina, chamada Palma Sola. Como toda aquela região, Palma Sola era eminentemente agrícola. Seus pais eram lavradores pobres, como a grande maioria na região o era. Eram os idos de junho de 1978, quando ele veio ao mundo. Uma chuva de granizos havia devastado a minúscula roça de milho, no começo do inverno daquele ano. Sua mãe, Maria Bernadete , havia dias que estava debilitada pela subnutrição, jazia na cama, aparentemente sem forças para parir. Ele nasceu abaixo do peso, naturalmente, de parto prematuro, depois que seu pai, Marco Luigi , um rude e ignorante lavrador, batera nela por não ter