A repressão ao instinto sexual e suas consequências

Aproveitando para dar boas-vindas à Joici Cristina Cruz, do blog As Peripécias do Mundo, como minha parceira na construção das Memórias de Ebrael, vou falar sobre um assunto sobre o qual falamos em uma de nossas primeiras conversas: a repressão aos instintos sexuais e suas implicações na vida das pessoas. Foi boa a nossa conversa; a Joici é psicóloga, e eu, um pensador leigo, metido a filósofo de ocasião...rsrsrsrs.

Freud alegava que boa parte dos transtornos mentais da idade adulta têm origem em distúrbios sexuais, e, ainda, que um parcela significativa, são oriundas na infância e/ou adolescência. Ontem, li um artigo no blog da Fátima Jacinto, onde ela dissertava sobre as máscaras da personalidade, assumidas pelos adultos, e com início na infância. Segundo ela, para que não sofra rejeição e receba o amor esperado de seus pais, a criança tende a mascarar sua vulnerabilidade através de um comportamento que seja "razoável" àqueles de quem espera proteção e aprovação. Isso implica que, no caso de um comportamento, que na infância é despido de "pecado", mas não aos olhos dos adultos, a criança prefira esconder suas inclinações, sejam elas de qual ordem for, através de uma postura "aceitável", porém de renúncia de seus instintos (não só o sexual). Então, a repressão, o abafamento dos instintos sexuais, ainda que em estado incipiente, se originaria na infância.

Eu concordo com a Joici, quando ela diz que Freud não deveria levar tudo a ferro e fogo. Acho, como ela, que nem todos os problemas mentais têm fundo sexual. Mas, afirmo que o instinto sexual é a força mais poderosa da psique humana, mais até do que o instinto de sobrevivência. O instinto de sobrevivência nos arrebata igualmente como o sexual, porém o sexual vai mais além. No afã e no delírio do desejo sexual, não nos importaríamos de morrermos ali, se nos fosse possível escolher.

Em uma situação de perigo de vida ou aniquilação, ainda que a coragem seja um vetor poderoso para que tentemos até o fim nos salvarmos, nos vem a tristeza. É a tristeza de saber que somos essencialmente egoístas, e que faríamos qualquer coisa para nos salvar, mas não para salvar o outro. Pelo menos, nem sempre. No instinto de sobrevivência não há o Amor, pois que o Amor exige a transcendência do medo, e isso implica em uma renúncia suprema e última do que é seu pelo que é do outro. No ato sexual (não o simplista ato de copular, mas o desejo de perpetuação), nos agregamos tanto ao outro corpo, e o desejo de nos fundirmos no Amor é tão gritante, que morreríamos felizes, sem remorsos, se esse fosse o preço de uma união completa dos corpos e das almas envolvidos. Esse é o gozo, o prazer, e ao mesmo tempo a tristeza, pois vemos que não morremos naquela hora, e que viveremos novamente a separação dos corpos sem que o objetivo de união fosse completado.

O instinto sexual é basicamente "natural". O que quero dizer que independe de nossa vontade. Ele está presente como potência do corpo material do qual nossa alma se reveste. Ele é o animal que nos estimula, inconscientemente, a nos perpetuar e livremente nos dissolvermos no outro corpo. É a procriação (diferente do conceito católico), que busca criar incessantemente, sem contudo nos exigir a geração de outro corpo, ainda que isso pudesse ser "natural". Dizemos fazer sexo por prazer simplesmente porque temos consciência dessas sensações. Podemos descrevê-las, e disso gerar mais prazer.





Não se pode renegar que vivemos em um corpo animal. Não se pode negligenciar e deixar de cuidar desse corpo animal, impunemente, sem sofrer as repreensões e revoltas desse mesmo corpo, dessa mesma força. Não se trata aqui de apologia à liberação sexual, ou então, libertinagem ou estímulo à orgia. Mas a auto-determinação e a liberdade de opção em termos de sexualidade é fundamental para que um ser humano caminhe seguro pela vida. Um ser humano seguro é aquele que consegue viver harmoniosamente no mundo, e transitar livremente entre seu corpo e sua mente sem conflitos nuito graves.

A repressão, por parte dos pais, das religiões e da sociedade, em forma de tabus e estereótipos, aos instintos de uma pessoa, assim como o é com suas crenças mais íntimas, é uma violência terrível, tanto quanto o é o medo da morte e da fome. A personalidade verdadeira da pessoa vai afundando, mais e mais, para um fosso remoto da mente, ficando camuflada por máscaras que satisfaçam as vontades alheias. Esse é, portanto, um ser humano escravo das circunstâncias. No dia em que essa máscara de convenções e atitudes superficiais se desfaz, irrompe, furiosa, a fera aprisionada, que exige liberdade, e devolve em excessos, ainda mais crassos, as opressões que o mundo lhe impôs.

Num próximo post, devo falar sobre os arrombos explosivos do instinto sexual e o que podem provocar na personalidade das pessoas.

Comentários

  1. OI GATO.
    PASSEI P/ TE DIZER QUE ESTOU ADORANDO TUDO QUE VC ESCREVE, TÁ DE MAIS!

    BJUSSS

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  2. Achei super interessante seu blog..você escreve bem e tem boas ideias...

    Visite meu blog também...faça comentários, indique algumas coisas, sugira....
    Boa Semana!!!!

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  3. Que texto incrível, Ebrael!

    A repressão por parte dos pais, das religiões e da sociedade impondo o que deve e não deve ser feito é uma violência terrível sim. Isso vai neutralizando uma pessoa que se torna escrava das circunstâncias se ela não se cuidar. Enfrentar todos esses "algozes" quando adultos é possível, mas na infância é um pouco complicado.
    É isso aí, estou de acordo.

    Bjs.

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  4. Saudações!
    Amigo Ebrael,
    Excelente Post,
    Um texto muito rico, com fundamentos no estudo do comportamento humano, em especial na psicologia uma área de estudos que confesso nada conhecer.
    Mas o que ficou transparente de sua mensagem, de repente é bem simples, todo esse manancial de problemas, que geram a repressão ao instinto sexual, deve ter suas origens a falta de educação sexual em especial a falta de Amor.
    É na ausência do amor, que estão às origens da queda da moral e do romantismo natural, - a falta do amor - dando destaque ao nascimento da pornografia conduzindo o homem e seu egoísmo aflorando, ocupando o espaço gerando conflitos em todas as comunidades.
    O espetáculo conquistou multidões com a evolução dos meios de comunicação, e, muitos de nossos irmãos humanos, por não terem e nem disporem de uma consciência num mesmo nível evolutivo, não encontram o caminho do conhecimento com alternativas a uma vida saudável, se deixando levar pelo que assiste, convive ou lhes cercam, portanto, não é cônscio de suas responsabilidades pessoais junto a todos aqueles que lhe são caros, em especial a família.
    Desse modo surgem as possíveis mentes pervertidas e narcotizadas por uma pequena parte da mídia, que segue caminhos construindo uma legião de seguidores com a bandeira do sexo, transformando-o num artigo com requintes de “naturalidade”, quando na realidade é leviano.
    Do grande processo, se dá, em especial, até de um modo simples, como por exemplo, tudo o que é em excesso, perde valores, levando-se a “ extremismos” manifestando-se como conseqüências a “repressão” individualizada e ou coletiva, por parte dos que mercantilizam o “nobre” comércio sexual com tantas denominações a seus bel prazeres.
    Assim cada um apresenta seus produtos (in) consistentes, por vezes inconseqüentes, dificilmente preenchendo o vazio da falta de AMOR, origem de tudo.
    Parabéns pelo excelente artigo!
    Abraços!
    LISON.

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  5. Gostei demais do seu texto. Parabéns pela nitidez de idéias, excelente. Bjs e bom domingo.

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